Há uma semana eu e a And fomos dar um passeio (coisa rara, acontece aí uma vez por ano - com sorte!) e parámos nos pastéis de Belém. Quando lá chegamos estava uma fila monumental mas, como a gula era maior do que o tic-tac dos ponteiros do relógio, decidimos esperar. E foi aí que vimos o Hugo e a Inês da Casa dos Segredos, coisa que ambas vamos deitando o olho de quando em vez.
Lá passamos por eles, ela mandou-nos sentar, comentamos entre nós como ela era mais pequenina do que parecia e essas coisas do costume. Pedimos os nossos pastéis, demos duas de conversa e num momento mais parado, pegamos nos nossos telemóveis - falo por mim, não peguei nele para fazer nada de especial. Hoje em dia é isso que fazemos quando nos queremos entreter ou matar tempo: olhamos para os smartphones.
As pessoas normais jogam jogos, abrem o facebook, passeiam pelo instagram. Eu, para além disso, mando mensagens à And. E houve ali um estranho momento em que pensei "vou mandar mensagem à And a dizer que vi o Hugo e a Inês do SS". E dois segundos depois percebi que afinal não valia a pena: ela estava ali à minha frente.
E eu acho que a nossa relação é à base disto: da partilha constante de coisas parvas do dia-a-dia mas que são, de facto, o nosso dia-a-dia. É estranho falar com alguém praticamente todos os dias do ano quando tivemos pouco mais de uma mão cheia de vezes ao lado delas, mas acho que somos aquela pessoa para quem dizemos todas as coisas que não sabemos a quem dizer mas que simplesmente nos apetece. Tipo: "acabei de cair e rasgar as calças. Obrigada segunda-feira"; "estou perdida no aeroporto, não me acredito nisto"; "está imenso nevoeiro, não se vê um palmo à frente dos olhos"; "fui ao cinema ver o filme X. Muito fixe!".
É isto. É só isto. Parece simples. E por um lado é, por outro não. Porque se fosse simples, havia mais como nós - e não me parece ser bem o caso.